Ame o que faz uma ova!

Até que ponto devemos motivar os jovens a buscar somente aquilo de que gostam na vida profissional?

"O que é sucesso? Acho que é uma combinação entre ter talento para a coisa que se está fazendo e, sabendo que isso não é suficiente, trabalhar duro e com senso de propósito." Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra da Grã-Bretanha (1979 a 1990)

Nós estamos prestando um enorme desserviço a nossos filhos, martelando em suas cabeças que eles só devem “fazer aquilo pelo que tenham paixão”, que “se amarem o que fazem o sucesso é garantido”, etc.

Além de gerar expectativas irrealistas, estamos deixando nossos filhos paralisados porque eles não conseguem descobrir esse “trabalho ideal”. Sentem-se culpados por não serem “suficientemente apaixonados” por nenhuma profissão.

No easy game — Suponha que Júnior seja tão apaixonado por jogar video-games que ele tem certeza de que terá muito sucesso se perseguir uma carreira em que jogue video-games para viver.

Suponha que, para grande alegria de Júnior, Papai consegue para ele um estágio de… “piloto de provas” (‘beta-tester’) de games! Quanto tempo você acha que durará a felicidade de Júnior?

Lá pelo segundo ou terceiro jogo para meninas, cuja totalidade de “corredores” e níveis Júnior tenha que testar exaustivamente, uma grande frustração se abaterá sobre nosso herói ao descobrir que mesmo o trabalho dos sonhos envolve atividades e obrigações desagradáveis. O prazer do trabalho não é o mesmo prazer do hobby. Mas é um tipo de prazer.

Lencioni já havia dito isso — Em março de 2009, quando ficou claro que a recessão americana seria longa e profunda, nosso über-guru Patrick Lencioni escreveu sobre a redescoberta do valor do trabalho, principalmente para os jovens. Vale muito a pena a leitura na íntegra do ponto de vista (http://www.tablegroup.com/pat/povs/pov/?id=27), mas destacamos um trecho aqui:

"Há pessoas habilidosas que tiveram sorte o suficiente para encontrar um desses empregos bacanas, mas se desapontaram ao perceber que desenhar montanhas-russas, escrever livros e construir foguetes não era bem aquela festa que esperavam, e que uma carreira gratificante não é a resposta para todos os problemas da vida. Mesmo estrelas de rock, executivos do mundo da publicidade e designers de moda experimentam aborrecidas tarefas de trabalho, assim como caixas de banco, encanadores e balconistas de lojas. Eles apenas se sentem pior em relação a isso porque não esperam que seu trabalho se transforme em... trabalho."

Love this — Poucas, pouquíssimas, pessoas têm uma paixão tão intensa — especialmente na juventude — que compense os inevitáveis dissabores do dia a dia de trabalho.

Fazer aquilo pelo que se tem paixão é um privilégio conquistado. É algo em cuja direção, com muita sorte e esforço, você pode vir a dirigir sua vida após, digamos, a crise da meia-idade ou uma certa independência financeira.

Para o jovem, o prazer do primeiro trabalho é a novidade, o ingresso em um universo social novo — o tornar-se adulto. Não só isso, mas o prazer de receber uma remuneração por seu trabalho, de ir conquistando independência financeira e tudo de bom que isso traz: liberdade, autonomia, propriedade de seu espaço, autoestima.

Henry Kissinger (secretário de Estado dos Estados Unidos entre 1973 e 1977) disse que o poder é o maior afrodisíaco. Talvez o segundo maior seja o trabalho.

* Mauro Mello ( O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ) e Fernanda Gomes ( O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ), autores deste texto, são consultores da Table Partners (http://www.tablepartners.com.br).

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